segunda-feira, 17 de outubro de 2016

MINIATURAS

Um dia destes ouvi uma conversa de uma mãe praticamente desesperada à procura de uma miniatura de "Fairy", das Fraldas e do Rolo de Papel da cadeia de supermercados "Lidl"... Fiquei a pensar no assunto e não conseguia entender porque seria a filha a exigir à mãe que lhe trouxesse um detergente para lavar a louça do supermercado, e, ainda por cima, em "miniatura".

De facto, as pequenas peças entregues nas Caixas aos clientes do "Lidl" em troca de, pelo menos, 15 euros em compras, são tão "mini" que cabem numa palma da mão fechada! Tive que confirmar para acreditar e perceber que, na verdade, trata-se de uma coleção inteira de produtos do tamanho dos "Lilliputs" da história do "Gulliver" e que, todos juntos, formam uma autêntica mercearia, com adereços disponíveis para que os miúdos se sintam mesmo a fazer "trocas comerciais" numa lojinha de Bairro com direito a balança para pesar, máquinas registadoras, carrinhos de compras, entre outros...
Depressa, o colecionismo e a exigência destas miniaturas por parte das Crianças, tornou-se uma moda "viral" e os pais, andam em desespero a perguntar aos amigos mais chegados se são clientes do "Lidl" ou se têm algum dos produtos mais difíceis para trocar. É que há muitos clientes que, não tendo filhos ou não sabendo da campanha de promoção da loja, não chegam a levantar as miniaturas a que tem direito se consumirem mais de 15 euros em compras. Ora, não havendo oportunidade de gastar todos os dias tanto dinheiro numa loja só, a solução foi criar, inclusive, um Grupo de "Facebook" para Trocas e até vendas [https://www.facebook.com/groups/1816579818570528/?fref=ts]... A "coisa" está a ter um sucesso tal, que quase se tornou um verdadeiro "mercado negro" de miniaturas. Está a ver aquele "cromo" das Cadernetas que não calha a ninguém e que, muitas das vezes, faz com que uma Caderneta fique incompleta por um que falta? É isto que se está a passar entre os nossos miúdos! É a verdadeira loucura das "Mercearias"! A fazer lembrar aqueles "cromos" raríssimos de jogadores de Basebol que vão até a Leilão a preços exorbitantes nos Estados Unidos da América.
No entanto, não vejo isto como uma "febre" maléfica semelhante ao "Pokémon Go", por exemplo; vejo-o como uma oportunidade de recuperar velhas tradições de brincadeiras em casa, entre irmãos, entre amigos ou envolvendo até os próprios pais. Depois da lojinha toda colecionada, dá prazer "brincar às lojas" como quem brincava "aos médicos" ou "aos professores". A comunicação entre Pais e pequenotes sai reforçada e ganha pontos e retoma-se o espírito tradicional das trocas de notas semelhantes às do "Monopólio", das moedinhas a fingir, dos dedos a carregar nas teclas das registadoras para ter o "gostinho" muito particular de ouvir a gaveta do dinheiro a abrir e a fechar.
Quando era pequeno, lembro-me que tinha um cantinho de Mercearia no meu Jardim-de-Infância e era dos poucos cantinhos da Sala que despertavam o interesse tanto de meninas como de meninos, não "seccionando" os rapazes para o tapete da garagem "Playmobil" e as meninas para a Cozinha dos Tachos e Panelas com fogão e micro-ondas incluídos.

Eu gosto desta moda das "miniaturas"! Que se recupere, e bem, a ARTE de BRINCAR por BRINCAR! Não costumo fazer compras no "Lidl", mas guardarei os meus "mini-produtos" para os oferecer a um "mini-merceeiro" ou "mini-merceeira" mais aflitos, desesperadamente à espera de um pacotinho de bolachas ou de um iogurte grego em ponto "Lilliputiano".

BOAS COMPRAS!

terça-feira, 11 de outubro de 2016

CHUVA...


"Chuva", de Jorge Fernando
«As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudade
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
Da história da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir

São emoções que dão vida
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder

Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer

A chuva molhava – me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai, meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade e eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade»

domingo, 9 de outubro de 2016

SAPATOS

«A rapariguinha chamava-se Karen.
Foi precisamente no dia em que a mãe foi a enterrar que ela recebeu os sapatos vermelhos, estreando-os nesse dia. Não eram propriamente algo a usar no luto, mas não tinha outros e assim, sem meias, caminhou com eles atrás do pobre caixão feito de palha», in "OS SAPATOS VERMELHOS" (1845), de Hans Christian Andersen.

https://youtu.be/SrooFOXXqE4

Nas minhas primeiras incursões pelas artes da Expressão Dramática, lembro-me de uma formadora me dizer que, em muitos trabalhos, começava a compor os seus personagens a partir dos pés, analisando e imaginando a forma como andava, como se movia, pé ante pé, mais ansioso, menos anisoso, mais rápido ou mais vagaroso, com uma postura mais leve ou mais pesada; ou com mais ou menos idade... Nunca mais me esqueci do conselho e, muitas das vezes, componho os meus personagens a partir dos pés. Muitos saltitam como se fossem crianças; outros arrastam os pés; outros andam vagarosamente; e outros aceleram o passo constantemente. E é por causa disto também que a forma como se calça é importante na construção e pesquisa teatral.

Lembro-me também das estórias tradicionais que me contavam e de uma em particular que terá origens no Norte de Portugal ou na Galiza (Espanha) - "A Dama Pés-de-Cabra". E recordo o facto de imaginar o som dos cascos da Senhora nas lajes de pedra dos caminhos, no soalho do interior de solares e palacetes ou a atravessar pontes de madeira. "TOC-TOC-TOC-TOC-TOC...". O som das solas de sapatos no piso que se pisa é deveras importante para mim. Atualmente, vivo no 1º andar de um prédio de 4 andares e sei a importância que têm uns saltos de senhora nos andares de cima, pela madrugada...

Sei também o gosto particular que muitas mulheres têm por sapatos e, de certa maneira, justamente a partir desta técnica de pesquisa e construção do "Eu" Teatral, compreendo-as. O sapato, enquanto objeto estético, é bonito! Recordo a cena do filme "Marie Antoinette", realizado em 2006 por Sofia Coppola, com a atriz Kirsten Dunst, em que desfilam, sob o formato de quase "videoclip MTV", toda a sua luxuosa coleção de sapatos.

Recordo também os espetaculares sapatos criados no Norte de Portugal por uma fabulosa designer chamada Andreia Silva e que detém a empresa "AndIWonder", autora de muitos dos sapatos que fez para a atriz/intérprete Wanda Stuart, com inspiração em vários contos infantis. É fácil imaginar que tipo de sapatos usaria uma Rainha de Copas de "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Caroll ou, em pensamentos extremos, uma Sereia Ariel com pernas humanas. É, de facto, viciante imaginar personagens a partir dos pés.
http://andiwonder.com/como-tudo-comecou/#fb0=1

Hoje, acordei, e das primeiras partilhas que vejo nas redes sociais, é uma coleção fantástica de fotografias de sapatos geniais e de pasmar. Imediatamente, comecei a divagar... e a construir histórias a partir de sapatos. E ouço o Capucinho Vermelho pisar a folhagem morta da floresta com os seus pequenos sapatinhos pretos de verniz que terá usado na 1ª Comunhão; a terrível Madrasta da Branca de Neve, elegantérrima, a descer as escadas em caracol do Palácio, em direção às caves e à salinha de mezinhas e poções, com os seus magníficos sapatos de pelo de cavalo negro com enormes saltos; a Pequena Sereia Ariel a caminhar com as suas pernas em direção ao Altar para casar com o Príncipe Eric em cima de uns magníficos sapatinhos de coral e pérolas de ostra ou o Chapeleiro Louco a bater nas lajes do seu atelier de confeção de chapéus com as suas magníficas botas com sola de madeira, apressado, enervado, ansioso, a contar os minutos e segundos do seu velhinho relógio de bolso agarrado ao colete por uma longa corrente de ouro.

SAPATOS...
Adoro Sapatos...
https://www.instagram.com/p/mRUx6oAq2RWN8XXRt_HUD_HV45ShMYUHFVF-M0/



sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A HUMANIDADE E AS PRATELEIRAS

Uma amiga minha partilhou uma imagem linda na sua cronologia de "Facebook" com uma criança negra, sorridente e com um brilho sem par no olhar. Não foi a imagem em si que mais me despertou interesse e mexeu com os meus pensamentos... O que mais me chamou a atenção foi a legenda que acompanhava a fotografia e dizia o seguinte: «Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.».

Imediatamente pus-me a filosofar sobre o assunto. Um dos meus graves problemas [ou qualidades, talvez...] é pensar demasiado sobre qualquer assunto aparentemente corriqueiro. Lembrei-me de um documentário que vi há uns tempos sobre a realidade e as torturas que sofrem as crianças albinas que nascem no seio de famílias negras, na África profunda; e apeteceu-me comentar desta forma a imagem, tão linda, partilhada pela minha amiga:

«A questão nem é o facto da pele ser negra; é mesmo o facto da pele ser diferente e pronto! A Humanidade é terrível e tem a mania de seccionar coisas por prateleiras desde tempos imemoriais! No outro dia, vi um documentário sobre crianças albinas em África e fiquei maldisposto o suficiente para uma semana! As crianças nascem com peles brancas no seio de famílias negras e, só porque têm o cabelo louro, olhos claros, pestanas brancas, pele branca são perseguidas por isso... Há bruxos e curandeiros a pagar quantias exorbitantes por um osso de uma criança albina africana. Volta e meia aparecem crianças amputadas, sem mãos, sem pés, sem braços e sem pernas... São raptadas, dão-lhes sumiço e aparecem dias mais tarde num beco qualquer... Sabes o que te digo? Bem fazem os Extraterrestres que nem se aproximam muito ou tentam primeiros contactos! Matávamo-los logo, na primeira hora para fazer experiências científicas! É o Mundinho Terráqueo que temos! ;-(»
Lembrei-me também que há muito, muito tempo que não revejo o filme "E.T., o Extraterrestre" de Steven Spielberg! Acho que estou a precisar!


terça-feira, 4 de outubro de 2016

100 PERGUNTAS SOBRE DINOSSAUROS

Hoje recebi este apelo do meu amigo Simão Mateus, engenheiro zootécnico a trabalhar no Museu Municipal da Lourinhã. É um apelo inusitado, porém, ao mesmo tempo, é capaz de ser divertido! Se tem fãs de dinossauros em casa e se passa parte do seu tempo livre em lojas de brinquedos à procura da espécie mais rara do feroz animal extinto há milénios, aproveite para fazer uma "sondagem" e pergunte ao seu mini "engenheiro zootécnico" do "Mesozóico" se tem alguma dúvida de maior sobre os "bichanos" que, aparentemente, só têm um arzinho simpático porque estão "extintos" e já não fazem mal a um besouro sequer, quanto mais a uma mosca!

"Incumbiram-me de coligir e responder a 100 perguntas sobre dinossauros,
leia-se: e outros répteis mesozóicos…
leia-se: animais fossilizados…
ou seja paleontologia.

Como tal peço a vossa ajuda para me enviarem perguntas que vos ocorram sobre este tema para eu começar a coligir e escrever as respostas.

Quem tem filhos estenda o desafio a eles.

Perguntas infantis vossas são igualmente válidas, podem deixar licenciaturas, mestrados e doutoramentos de lado e mostrarem as vossas questões mais naïfs!

Podem enviar as perguntas por mensagem privada, e-mail ou na resposta a esta mensagem.

Muito obrigado, Simão"

Imediatamente, publiquei o "apelo" do Simão na minha Página Oficial de Facebook, em www.facebook.com/sergiopaulopeter e lancei o "repto" (não o réptil!): LANCE UM GRUNHIDO! E pus-me a pensar... Será que os "bicharocos" grunhiam ou rugiam? Quase sem me aperceber, estava a colocar-me a mim próprio a primeira das perguntas "naïfs" sobre dinossauros. Será que vai fazer parte da coletânea de 100 Perguntas do Simão?

Espero por notícias do "mesozoico"...